A receita para o sucesso da produtividade

Ao longo de nossas vidas vamos modificando a nossa demanda energética conforme transpassamos as etapas entre nossa infância até alcançarmos nossa fase adulta, tanto do ponto de vista da qualidade nutricional (exigência por nutrientes em cada momento da vida), como também sob o aspecto quantitativo de necessidade de nutrientes para nosso crescimento. No universo vegetal tal contexto não é diferente: conforme as plantas se desenvolvem, necessitam também deste mesmo dinamismo de aporte de nutrientes (N, P, K, S, Mg, Ca e outros minerais) associado à sua demanda de acordo com a evolução das fases fenológicas: desde a emergência, desenvolvimento vegetativo e desenvolvimento reprodutivo, segundo as alternâncias no balanço entre produção de folhas, flores e frutos.

A variar de acordo com cada cultura, as demandas por nutrientes tendem a aumentar das fases iniciais até a fase adulta, conferindo uma perspectiva de crescimento sob o formato de uma curva, facilitando a visualização do panorama de absorção de nutrientes do ambiente, conhecimento imprescindível para uma nutrição mais assertiva.

Mas por que devo conhecer a curva de absorção?

Fica evidente que conhecer a curva de absorção de uma determinada cultura ou variedade proporciona diversos benefícios, a começar por:

  • Permitir a identificação dos momentos corretos de interferência
  • Assertividade de doses
  • Equilíbrio econômico e nutricional
  • Redução de riscos de salinização dos solos
  • Estabelecimento das relações entre nutrientes
  • Planejamento antecipado da compra dos insumos
  • Evita perdas como lixiviação, adsorção e volatilização
  • Contribui com a melhor utilização dos recursos hídricos e otimização do uso das curvas de demanda hídrica (no caso de sistemas fertirrigados)

Além de garantir uma maior assertividade na oferta de nutrientes para a planta durante seu ciclo de vida pelo conhecimento do que ela precisa de fato, outros benefícios podem ser obtidos pelo uso desta ferramenta no manejo nutricional de uma cultura, e é justamente sobre isso que discutiremos nesse texto.

Como funciona uma curva de absorção?

Como falamos anteriormente, a curva de absorção pode nos auxiliar a elucidar muitos questionamentos sobre como nutrir uma cultura de forma adequada. Por isso, inicialmente precisamos entender de fato como ela se apresenta e pode ser utilizada no dia a dia no campo.

Como o próprio nome já diz, as curvas de absorção são curvas formadas pelos gráficos de absorção de nutrientes das culturas, demonstrando a proporção exigida de cada nutriente ao longo do tempo, ou seja, no decorrer das fases fenológicas. A curva de absorção é específica por cultura e por variedade. Para tanto, é necessário considerar o potencial produtivo para definir o programa de nutrição: altas produtividades requerem maior qualidade nutricional.

Uma curva de absorção é como, por exemplo, a receita de uma massa de pizza: ela mostra quais ingredientes, quando e quantidades necessárias, sendo que isso determinará o tamanho do disco. Do mesmo modo, as curvas de absorção mostram a “receita” para atingir a produtividade: quais nutrientes, em qual dosagem e quando aplicar, informações cruciais que têm grande influência na determinação do desempenho da produtividade final.

 

Curvas de absorção e o manejo dos 4Cs

Quando correlacionamos os aspectos já mencionados, como tipo de nutriente, dose e aplicação, percebemos a sua relação direta com o manejo de nutrientes dos 4Cs, pontos de atenção os quais sempre enfatizamos aqui nos conteúdos da SQM VITAS: aplicar a fonte nutricional correta, na dose correta, na época correta e no local correto.

Aplicando os conceitos

Pensando nas ações práticas deste modelo de manejo fica a primeira dúvida: como podemos aplicar estes conceitos na prática? A resposta está em trabalharmos com a curva de absorção da cultura e da variedade. Geralmente esses dados podem ser obtidos através da consulta na literatura ou por meio das empresas responsáveis pelo desenvolvimento das variedades. As curvas podem ser apresentadas na forma de gráficos, onde um dos eixos expressa a quantidade de nutrientes e o outro eixo representa o tempo (dias após plantio) para identificação das fases fenológicas, ou em tabelas, podendo até mesmo indicar as fontes de nutrientes a serem aplicadas. Uma vez interpretada corretamente a curva, é necessário correlacioná-la às fases fenológicas da cultura e conciliá-la às outras informações obtidas, como: as fontes nutricionais, doses, época e, após a análise do ambiente, a definição do local correto de aplicação.

Pontos de atenção ao utilizar a curvas de absorção

Ainda com todos os benefícios desta ferramenta, é importante ter um conhecimento prévio da cultura e de suas fases fenológicas, visto que uma má interpretação dos dados pode gerar resultados diferentes do esperado. Além disso, é necessário adaptar tais dados para o ambiente e tipo de solo em que a cultura será implantada, pois são fatores que irão influenciar diretamente em seu desenvolvimento.

Tendo em vista todos esses pontos, aprendemos que a não aplicação dos conceitos aqui mencionados e a ausência de um parâmetro de gestão nutricional pode reduzir consideravelmente o potencial produtivo de uma cultura, tanto pela falta de um determinado nutriente numa fase específica, quanto pelo excesso de um nutriente interferindo na absorção do outro (interações de antagonismo). Consequentemente, os impactos negativos ficam evidentes sob a classificação e padronização do produto final.

Por isso, para um equilíbrio maior, controle e assertividade no fornecimento dos nutrientes às plantas, procure sempre desenvolver o programa nutricional conforme a demanda da cultura, utilizando sempre como parâmetro o modelo de absorção de nutrientes de acordo com as suas fases fenológicas. Lembre-se que com a curva, suas decisões serão mais assertivas, conferindo maiores performances na nutrição e nos resultados no campo.