Entender os mecanismos de absorção dos nutrientes pelas plantas pode nos ajudar a otimizar seu fornecimento e aplicação.

As plantas podem absorver os nutrientes de diversas formas, e entender esses processos de “alimentação” é um dos conhecimentos fundamentais para que possamos utilizar da melhor maneira possível os nutrientes adquiridos para aplicação nas culturas.

Primeiro, é importante saber que as plantas não absorvem os fertilizantes aplicados, mas sim nutrientes. O fertilizante é um sal inerte, sem carga, que aporta nutrientes para o desenvolvimento das plantas. Para que esses nutrientes fiquem disponíveis para a absorção, eles devem ser dissolvidos em água para formar uma solução. Portanto, os nutrientes que a planta absorve estão na forma de íons, que podem ser positivos ou negativos, como demonstrado no exemplo abaixo.

Adotando tal conhecimento na prática, iremos cada vez mais realizar a nutrição de plantas de forma eficiente, a fim de obter melhores produtividades. Ao executar os diversos manejos baseados nas formas de absorção das plantas, evitaremos vários problemas e desperdícios, os quais compartilharemos mais à frente.

Pensando em um modelo eficiente de manejo de nutrientes sob os princípios dos 4C (Fonte Correta, Dose Correta, Época Correta e Local Correto), observamos que tanto a escolha da Fonte e Local de aplicação possuem grande impacto sobre o processo de absorção:

 

Você sabe quais são as vantagens em conhecer os processos de absorção?

Os diferentes locais para absorção nas plantas

Os nutrientes podem ser absorvidos através de dois locais nas plantas: via radicular e via foliar.

Por via radicular, a absorção de íons é maior na zona dos pelos radiculares, sendo por onde a maior parte dos nutrientes é absorvida. Essa absorção pode ocorrer de 3 maneiras:

  • difusão, que é o deslocamento do íon em uma fase estacionária imóvel (de um ponto de maior concentração para um ponto de menor concentração);
  • fluxo de massa, que é o deslocamento do íon no mesmo sentido da água;
  • interceptação radicular, que é o contato da raiz com os íons à medida em que ela se desenvolve.

Veja abaixo como podemos exemplificar:

Todos os nutrientes são absorvidos das três formas, mas é importante saber qual a forma predominante para assim identificar o posicionamento ideal do fertilizante, objetivando maior assertividade e eficiência na absorção.

  • a absorção foliar ocorre apenas por difusão, onde os íons se movem através de uma membrana seletivamente permeável. A aplicação de nutrientes via foliar visa complementar ou corrigir o suprimento de adubos aplicados via sistema radicular (solo ou água), empregada para corrigir de forma rápida alguma deficiência apresentada pela cultura, e também é empregada quando há impossibilidade de aplicação via solo, seja devido a dificuldades operacionais ou de estresse hídrico.

As cargas positivas e negativas dos nutrientes gerando sinergismo e antagonismo

Assim como citado anteriormente, os nutrientes podem ter cargas positivas ou negativas e, durante o fornecimento para as plantas, o equilíbrio entre essas cargas é fundamental para uma absorção eficiente.

É importante lembrar que o elemento que você deseja fornecer para a planta nem sempre é expresso da mesma forma na sacaria ou rótulo dos fertilizantes.

Nutrientes com a mesma carga geram antagonismo, ou seja, o excesso de um íon com determinada carga dificulta a absorção de outro que possui a mesma carga. Se as cargas forem opostas, gera-se sinergismo, onde a presença de um nutriente favorece a absorção de outro com carga oposta. Desta forma, podemos fazer uma analogia ao ditado de que “os opostos se atraem”. Um exemplo comum de antagonismo ocorre quando há aplicação de nitrato, que mesmo sendo a forma preferencial de absorção de Nitrogênio pelas plantas, sofre antagonismo na presença de Cloro. Assim como o Amônio causa antagonismo ao Cálcio, Magnésio e Potássio.

Os diferentes processos que causam perdas de nutrientes

Além dos processos de antagonismo e sinergismo, existem processos de perda que podem ocorrer antes da absorção. Esses processos são: lixiviação, onde há o carregamento de nutrientes minerais da superfície para as camadas mais profundas do solo, ficando fora do alcance das raízes; adsorção, onde os nutrientes ficam retidos na superfície das cargas do solo através de interações químicas; e volatilização, que geralmente ocorre quando se aplica Nitrogênio na forma de ureia na superfície do solo, ou sulfato de amônio e nitrato de amônio em solos alcalinos.

Melhores horários para absorção

Alguns fatores interferem na absorção dos nutrientes, como características do solo, características da água e clima da região. Quanto menos estressada a planta estiver, melhor será a absorção dos nutrientes, ou seja, quanto melhor estiverem as condições de disponibilidade de água, pH de solo, umidade relativa do ar, temperatura e umidade, mais eficiente será a absorção. É importante lembrar que, para a maior parte das plantas, os melhores horários para absorção são na primeira metade do dia, visto que há plena luz e temperatura, estômatos abertos, e transpiração em taxa ótima.

Correlação entre forma de absorção e local de aplicação

Por fim, também é importante conhecer a mobilidade dos nutrientes no solo para saber posicionar esses fertilizantes. Alguns nutrientes, como Fósforo, Manganês, Cobre, Zinco e Ferro possuem baixa mobilidade, e por isso é necessário planejar sua aplicação o mais próximo possível das raízes para efetiva absorção (sulco de plantio ou no bulbo úmido).

Conhecendo todos os processos envolvidos na absorção dos nutrientes, os fatores que podem afetá-los e como podem ocorrer as perdas, é possível garantir maior assertividade na hora de escolher as fontes a serem utilizadas e como aplicá-las, aumentando a eficiência de absorção e melhorando o manejo de fertilizantes.